domingo, 20 de março de 2011

Lobão fala sobre Raul Seixas




Se tem uma coisa que Raul Seixas  não era, era maluco. Maluco só se for no sentido poético, porque isso de ser maluco virou um estigma. Associa-se a imagem do maluco a uma incoerência que não existe na obra dele. O comportamento que atraía os jovens da época do Raul, e que continua atraindo, propiciava a você reclamar, chocar, contradizer, poder assumir um papel de uma certa crueldade necessária que é a antítese dessa gente humilde. Ele veio com uma coisa inconformada que teve uma ressonância enorme em toda uma geração. O Raul, que passava a imagem de rebelde, tinha uma estruturação musical bem ampla, tinha uma intimidade enorme com o coco, com o repente, com o maxixe, tinha uma noção muito grande. O Raul não era esse eterno roqueiro, ele era um músico popular brasileiro. O rock é um artifício para ele ser um artista, para poder elaborar e pensar em outras possibilidades. Existe uma endeusamento equivocado em amá-lo pelo que ele não é. Colocam o trabalho do Raul como uma coisa do ponto de vista muito simplista, como se ele fosse um heróis de história em quadrinhos. Ele era mais que isso, viveu uma série de coisas muito mais intensas e mais diversificadas do que a imagem póstuma que ficou cristalizada. - Lobão



Fonte: Whiplash

Um comentário:

  1. realmente, suas músicas são bem poéticas mas não quer dizer que raul vivia com sua ideologia. raul artista era uma coisa, já a pessoa raul era outra.

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