Em homenagem ao aguardado festival "Big Four" em Indio, Califórnia em 23 de Abril, a revista Revolver lançou uma edição especial de colecionador, contando a história das bandas mais lendárias do thrash metal. A revista já se encontra nas bancas dos EUA e pode ser comprada online clicando aqui. Enquanto esta edição era feita, a Revolver falou com alguns dos músicos dos "Big Four", incluindo o baterista do Metallica, Lars Ulrich. COnfira abaixo alguns trechos da conversa.
Revolver: Lars, quanta atenção você deu para o Megadeth no começo?
Ulrich: Eu não me lembro de ter curtido aquele primeiro disco, mas quando o "Peace Sells" saiu em 86, fiquei abismado. Era exatamente o que eu curtia. Ele literamente se tornou meu disco favorito por um bom tempo. Dave [Mustaine, líder do Megadeth e ex-guitarrista do Metallica] vinha e tocava muito em São Francisco. E eu sempre ia procurar por ele, e nós bebíamos e usávamos drogas e ficávamos sentados. Por aqueles anos, 84, 85, eu e ele superamos nossos problemas bem rapidamente naquela época.
Eu me lembro na turnê do "...And Justice For All", nós tocamos em Irvine Meadows [perto de Los Angeles], e Dave veio e saimos nos últimos shows da turnê do "Justice". Isto pode ter sido em 89, e nós simplesmente saímos. Eu me lembro, na verdade, quando terminamos o álbum "...And Justice For All" em Los Angeles, no verão de 88, eu fui em um apartamento e toquei para ele as 5 da manhã. Nós estávamos sentados lá, tocando "Blackened" e um monte de outras coisas enquanto estávamos ocupados tentando nos manter acordados. Eu e Dave meio que tínhamos uma amizade e era de boa naquela época, por boa parte dos anos 80.
Não foi até que ambas as bandas começassem a crescer que toda esta coisa começou a acontecer na imprensa, o que foi realmente meio diferente do que rolava entra nós. Havia quase que dois relacionamentos lá. A imprensa amava toda a rivalidade Megadeth-Metallica. E eu meio que acho que isso tomou vida própria. E de certa forma, você poderia argumentar que a coisa que a imprensa estava fazendo, provocando as bandas, eventualmente começou a transcender e entrar em nosso relacionamento pessoal, e provavelmente se tornou o grande motivo de, nos anos 90, ter ficado meio frio as vezes. Entende o que eu quero dizer?
Revolver: Quando você sentiu que reacendeu sua amizade?
Ulrich: Cara, tem ligado e desligado tanto durante os anos. Nós tocamos um monte de shows com eles em 93, mais pro final do ciclo do álbum preto, onde eles tocaram com a gente na Europa, onde éramos bem próximos de novo por um tempo. Nós saimos de novo em, porra, eu acho que em 99 no Milton Keynes, na Inglaterra. E eu acho que o Dave chegou e estava meio que em uma turnê promocional de seu novo disco, e ele veio e saiu no show, e eu me lembro dele tocar músicas do "Risk". Nós sempre saíamos quando estávamos na mesma cidade.
A época em que ficou mais apimentado, onde houve uma parada óbvia da comunicação, foi depois que o [documentário do Metallica] "Some Kind of Monster" saiu, e toda aquela coisa com a cena que tinha lá, que não precisamos detalhar. [Se referindo ao encontro entre Ulrich e Mustaine, que foi chutado do Metallica em 1983. O encontro acontece em 13 de Setembro de 2001, no hotel Ritz-Carlton em São Francisco, Califórnia, e foi intermediada pelo terapeuta da banda, Phil Towle - Editor]. Isso parou por cerca de quatro ou cinco anos ou algo assim.
Mas tirando isso, até os anos 90, nós nos víamos aqui e ali. Nós saíamos juntos. Seria tudo bom. Havia duas trajetórias paralelas. Havia esta grande coisa Metallica-Megadeth na imprensa, e então tinha Lars e Dave saindo por aí, meio que fazendo suas coisas de lado, que as vezes era meio estranho. Você diria, "espera aí. Eu supostamente não devo gostar deste cara, porque é isto que está na edição desta semana da Kerrang!". Era meio estranho.
Revolver: Uma das partes mais emocionantes do documentário bônus do DVD do "Big 4" é quando você conta pra Dave o quanto seu filho ama sua banda.
Ulrich: Myles, meu filho mais velho, é um grande fã do Megadeth. E por um tempo, há alguns anos, no caminho pra escola, nós passávamos por essas fases, seja Rage Against The Machine ou System Of A Down. E havia esta fase onde nós ouvíamos muito Megadeth. E sua música favorita era "Hook In Mouth" [do "So Far, So Good... So What!"]. Então houve um tempo, três ou quatro anos atrás, onde basicamente eu acordava de manhã e preparava meus filhos para a escola, e entrava no meu carro as 7:40 da manhã e começava a tocar "Hook In Mouth" no caminho da escola. [Risos] Meio que uma vibe diferente do que de 15 anos atrás.
Sobre os membros das quatro bandas - Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax - subirem no palco para fazer a jam de "Am I Evil?" do Diamond Head em Sofia, Bulgária, em Julho de 2010:
Ulrich: Houve uma época, claro, onde havia um lado competitivo em todos nós, mas eu realmente não sinto mais isso. Não importa o quanto alguém force isso na imprensa, ou quantas pessoas não acreditem nisso, eu posso dizer com sinceridade que não há um lado competitivo. Não é um bando de caras de 27 anos tentando mostrar quem tem o maior pau. Anthrax, Megadeth, Slayer, Metallica, todos nós meio que temos nossos próprios nichos, nossos pequenos lugares únicos. Então não é tipo, quem é melhor nisso? Porque no final, todos nós fazemos nossas próprias coisas. E quando fala de baterias, Dave Lombardo [Slayer] é, de longe, Deus. Não há um lado competitivo, mas se houvesse, Dave ganharia. Lombardo chutaria o resto de nossas bundas só com um piparote de seus pequenos dedos. Então não havia um lado competitivo. Esta é a coisa que eu realmente posso dizer que é a grande diferença agora.
Se alguém tivesse falado há 15 anos, "vamos tentar e fazer isto", as pessoas provavelmente teriam que se sentar e discutir sobre isso e aquilo. Mas agora, nós quatro fazemos nossas próprias coisas, e nós celebramos o fato de que todos são únicos e individuais. E talvez isto meio que pegou todo mundo, de ter passado o que passamos para chegarmos até aqui. Eu não sei se isto seria possível há 20 anos.
Revolver: Lars, como foi para você tocar com Mustaine de novo?
Ulrich: Foi ótimo. Ouça, eu sempre o admirei. Ele é um músico incrivelmente talentoso. Tocar com ele, não é estranho. É um daqueles momentos que você quer que passe devagar. Foi legal ver isto de novo quando eu olhei no DVD. Eu diria que tinha uma vibração boa. E eu espero que as pessoas possam se relacionar com isso.
Fonte (em inglês): Blabbermouth.net
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