sábado, 24 de dezembro de 2011

Corinthians Heavy Metal \m/


Os torcedores do Corinthians não tem o que reclamar de 2011.
Apesar de estar totalmente inserido no jornalismo musical, acompanhei praticamente de perto todo o Campeonato Brasileiro deste ano. Ver a derrocada de equipes como Fluminense, Flamengo, Botafogo, Internacional e São Paulo rumo ao titulo foi algo um tanto previsível. As pífias campanhas de Palmeiras e Santos, totalmente voltado ao Mundial de Clubes, acabou no final das contas favorecendo o Timão a conquistar o Brasileirão pela quinta vez.

A verdade é que o desde as primeiras rodadas o Corinthians despontou com favorito ao título. Manteve o topo da liderança por várias rodadas e contou com constantes tropeços de adversários diretos. Um dos fatores mais importantes ocorreu fora de campo. O pulso firme do presidente Andrés Sanchez em manter Tite no comando, comprando briga com a torcida e a imprensa, resultou dentro de campo. O plantel cheio de peças de reposição fez com que a equipe agüentasse firme durante as 38 rodadas e sagrar-se merecidamente campeã.
Como futebol e heavy metal tem tudo em comum. Entramos em contato com algumas personalidades do Metal nacional, que torcem pelo time de Parque São Jorge, para comentar sobre esta conquista e declararem seu amor ao Timão.
Confira abaixo o depoimento de Paul Di’Anno, Edu Falaschi, Raphael Mattos, Amilcar Chistófaro, Thiago Bianchi e Ricardo Confessori sobre o Coringão.
Corinthians, campeão! Nós merecemos! Nós somos os maiores e melhores do Brasil! No entanto, este titulo foi comemorado com a tristeza da morte do nosso ídolo Sócrates. Ele foi o sangue e a raça da nossa equipe. Ele era Corinthians! Descanse em paz, maestro do Timão” – Paul Di’Anno, primeiro vocalista do Iron Maiden e fanático pelo alvinegro (foto acima).

O Corinthians apareceu em minha vida já muito cedo! A garra característica do time e a paixão de sua torcida tem muito a ver com meu estilo de vida, principalmente em relação a música. Uma das minha maiores emoções foi ver o gol do Marcelinho Carioca dando um chapéu dentro da área e fazendo um golaço no Santos em plena Vila Belmiro, até o Pelé se levantou para aplaudir. Mas minha grande alegria foi ter cantado o hino do Corinthians na fazendinha ao lado do André Santos que logo depois foi pra Seleção brasileira! Claro que também não posso deixar de falar do pentacampeonato recém conquistado! Foi emoção até o ultimo minuto! Inesquecível!” – Edu Falaschi, vocalista Almah e Angra.

Ainda na maternidade fui devidamente vestido, pelo meu pai, com o manto sagrado alvinegro. Mas minha paixão pelo cube de Parque São Jorge aflorou em 1990. Nesse ano, assisti minha primeira Copa do Mundo e aquilo fez com que eu me interessasse ainda mais por futebol, mesmo com a ridícula campanha da nossa seleção. Mais tarde, naquele mesmo ano, o Corinthians de Neto, Ronaldo e Tupanzinho sagrou-se campeão brasileiro, começava ali minha devoção ao Corinthians e não escondo meu fanatismo de ninguém. Durante uma das turnês da Shadowside pela Espanha, ganhamos a Copa do Brasil e sai gritando pelo corredor “É campeão! É campeão!”. Acredito que os hospedes não ficaram muito felizes, mas eu tinha que vibrar. Sobre o título de 2011, foi sofrido como todos os outros, porém redentor. Conquistamos este titulo de forma irretocável ficando 27 rodadas na liderança. Na minha opinião, o momento mais memorável do campeonato foi a vitória sobre o São Paulo logo na primeira rodada, jogo que nem consegui assistir pois estava no Rio de Janeiro e lá só se falava de Flamengo que estava indo bem na época. Lembro que tinha ido jantar e logo após telefonei pra casa para saber o placar final do jogo. Meu pai então disse que tínhamos vencido de 5 a 0. A principio não acreditei, fiquei mais ou menos 15 minutos tentando tirar a verdade dele, porém só acreditei quando ele disse que o Rogério Ceni havia levado um frango de final, ai pensei comigo “é com isso ele não ia brincar”. Houve alguns momentos difíceis, principalmente quando tivemos que torcer para rivais como na rodada contra o América (MG) que tive que torcer para o Santos contra o Vasco e também a favor do Palmeiras contra os mesmos vascaínos. Os torcedores dos outros times podem ficar bravos, mas em 2011, o Corinthians foi o melhor time, o melhor conjunto. Os três setores foram coesos, equilibrados. Jogadores como o goleiro Julio César fez defesas milagrosas e superou as criticas, Paulo André que entrou para o time titular nas ultimas rodadas, a dupla de volantes Ralf e Paulinho, e Liédson que jogou no sacrifício quase que o torneio inteiro, foram os principais destaques do time. Portanto, foi merecido e que venham mais títulos em 2012” – Raphael Mattos, guitarrista da Shadowside e ex-goleiro das categorias de base do Santos FC.


Feliz é a torcida do time que foi campeão de um dos mais emocionantes campeonatos brasileiros da história. Mas não que isso faça eu ser mais corinthiano, pois o que diz o novo slogan do Corinthians é a verdade mais que absoluta: “Corinthiano não vive de títulos, Corinthiano vive de Corinthians”. E só para não perder o costume do diferencial, slogan criado depois de um pentacampeonato brasileiro. Na minha opinião, esse título brasileiro não vem pra dizer que o Corinthians é o melhor time do Brasil, mas foi o mais competente. O mais importante também é que esse pentacampeonato veio realmente para coroar a fase fantástica que o Corinthians está passando dentro e principalmente fora das quatro linhas. Depois de uma gestão de idéias antiquadas que parecia não ter fim, entra na presidência um torcedor, para ser um divisor de águas na vida do clube. Andrés Sanches compensa a falha da lingua portuguesa em atitudes que dão resultado. Sim, dá pra perceber que ele cursou a faculdade da vida, e na minha opinião, essa é melhor do que qualquer outra. Para fazer o Corinthians ter toda essa evolução notável, Andrés começou apenas a trabalhar em pról do clube, empregando bem o dinheiro e sabendo trabalhar com a grandiosidade. Um exemplo? Trouxe Ronaldo. Outro divisor de águas na história do time. Assim como Ronaldo, o Coringão está acreditando em Adriano, demonstrando ser um dos únicos clubes grandes que acredita em jogadores que muitos já descartam do futebol. Até agora, Ronaldo já ganhou dois títulos como jogador, e Adriano foi um dos responsáveis por uma das maiores emoções que já vivenciei em um estádio, o segundo gol contra o Atlético Mineiro, no Pacaembú, na antepenúltima rodada do Brasileirão. Lembrando que ele ainda não está em sua melhor fase. Desde a eliminação da Libertadores para o Flamengo em 2010, que para mim Willian e Chicão não deveriam mais ser a zaga titular do Corinthians. Na sequência da eliminação, Willian saiu e Chicão ficou, mas esse Campeonato Brasileiro atestou o meu intuição sobre a dupla. Chicão foi pro banco, dando lugar para zaga titular campeã, Leandro Castan e Paulo André. Desnecessário também dizer sobre o meio campo com Ralph e Paulinho, garra e sucesso absoluto. Willian (maravilhado com o clube e a torcida), Emerson (tão maloca quanto o Adriano) e Liedson (experiente e liso) fizeram por merecer ser o ataque do time vitorioso do campeonato. Tite segurou todo rojão, carregando o time com tranquilidade, sabendo lidar com a mídia com sabedoria, fazendo o clube passar todo campeonato sem diz que me diz e picuinhas desnecessárias, sempre chamando a responsa pra si mesmo. Nasci em fevereiro de 1977, um dos anos mais importantes para o Timão, pois sete meses depois, 23 anos sem títulos, seria passado. O que falar de um clube que em seu nascimento, há 101 anos atrás, nasceu sob a frase “ Esse time será do povo e o povo irá reger esse time.” Como ele saberia? Como pode um time contrariar tudo e todos, vendo crescer sua torcida justo no jejum de títulos, especificamente durante 23 anos? Como? Como Sócrates, um dos maiores idolos do Corinthians e do futebol mundial, pode ter falado que gostaria de morrer em um domingo com o Corinthians sendo campeão? Como? Conhecidência? Não… Isso é pura magia. Isso é Cortinthians” –Amilcar Christófaro, baterista Torture Squad.


Momentos marcantes de minha vida estão sempre conectados a esse time tão emocionante e único, chamado Corinthians. Lembro-me de algumas passagens bem marcantes, onde acontecimentos épicos desse time cheio de história, abrasaram diretamente minha vida e carreira. Como no fatídico dia em que fomos rebaixados no Campeonato Brasileiro e me encontrava bem em cima do palco, numa apresentação acústica do Shaman. No momento em que foi constatado o rebaixamento, estava exatamente numa pausa super “emotiva”, daquelas que precedem a nota final de canção, onde todos aguardam por minha última palavra. Justamente naquele momento, dado ao fato de que alguém se encontrava com um radinho de pilha aos ouvidos, acontecia a queda para segunda divisão do brasileiro. Eu, de olhos fechados, aguardando a já de praxe aclamação emotiva do público naquele momento da música, fui surpreendido por um grito seco vindo do meio do povo… “CAIU!!!!”. O que se seguiu foi um misto histérico de gritos de felicidade e tristeza, com palavrões, urros de dor, risadas e frases de sarro, mescladas as de apoio por parte dos fãs. Imediatamente abri os olhos, por um momento imaginando se eles não tinham gostado de minha interpretação da música ou algo assim, mas logo o fato consumado me atingiria como um raio e fatalmente entenderia o que havia acontecido. Foi um dos piores “fim de canção” que já cantei em minha vida. (risos). Já nesse Brasileiro tudo seria diferente. Estava ensaiando com minha nova banda Arena durante o jogo e ficava com o microfone sem fio na recepção do estúdio, assistindo o jogo e cantando, ouvindo a banda através do vazamento das paredes do estúdio. A banda sabia do que se passava no jogo, pois minhas reações se misturavam intensamente a interpretação das músicas! Inclusive o gol do Flamengo que foi histericamente gritado no meio da canção mais “balada” que fazíamos, deixando a todos em êxtase imediatamente! Naquele momento sabíamos que o ensaio havia acabado e que era hora de sair e comemorar! (risos) Esse é o Corinthians em minha vida! Intenso, emocionante e profundo.” – Thiago Bianchi, vocalista Shaman e Arena.

O Campeonato foi um prova de superação principalmente do Tite, que deu a volta por cima, após uma breve crise e deixando o time perder liderança. Liedson, Wallace e Julio Cesar foram os melhores para mim, mas o time todo foi incrível. Vi o meu time campeão pela primeira vez em 77, contra a Ponte. Palhinha, Wladimir, Basílio, Carlos, entre outros me deram a primeira alegria, depois de muita espera….Torcer pro Corinthians precisa ter coração forte, precisa nascer corintiano” – Ricardo Confessori, baterista Angra e Shaman.
créditos das fotos:
Montagem: Gustavo Pavan
Paul Di’Anno: Marcos Odair
Edu Falaschi: arquivo pessoal
Raphael Mattos: Irisbel Mello
Thiago Bianchi: arquivo pessoal
Amilcar Christófaro: arquivo pessoal

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